(Adaptação de um áudio que recebi de uma paciente)
Por Thiago Heine | Junho de 2024
Depois de olhar para o chão, respirar lentamente, me perguntou:
-- Por que eu me esforço tanto, me dedico muito, mesmo quando não estou bem?
Após um curto silêncio, respondi:
-- Talvez porque você seja muito, então não teria como oferecer pouco. Muito no trabalho, muito nas amizades, muito nos relacionamentos. Muita cobrança, muita culpa, muito autojulgamento.
Como se as palavras carregassem mais do que pudesse dar conta, disse em voz baixa:
-- É uma pena que eu não consiga ser muito comigo mesma nestes momentos depressivos e, ao invés de me acolher muito, eu me frustro muito e me culpo muito. Mas eu preciso ser compreensiva comigo e saber que eu já estou fazendo muito apenas ao levantar da cama ou mesmo em estar aqui.
Tem momentos, neste desafiante papel de psicólogo analista, que falar o básico pode ser o melhor caminho que seguimos. Então continuei:
-- Sentir alegria, amor, entusiasmo muito é muito bom, certo? E sentir tristeza, desânimo, frustração, culpa, cansaço muito é muito ruim. Uma dose desse muito ser destinado a você, igual o seu esforço em ser mais para os outros, pode ser o começo deste equilíbrio.
Na semana seguinte, ao chegar na sessão, disse:
-- Essa foi uma semana meio termo e, sabe, depois de muitos dias vivendo o muito, foi ótimo ter uma semana... meio termo.
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